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EP#6

Do ET Bilu a Ratanabá

“Apenas que busquem conhecimento”. Essa frase marcou a TV aberta brasileira em 2010, porque… ela teria sido dita por um alienígena: o ET Bilu. Nos programas de TV, já dava para ver que esse suposto extraterrestre tinha muito mais jeito de gente como a gente. E logo ele virou motivo de piada.

Mas a turma que lançou o ET Bilu não parou por aí. Cada vez mais influentes – principalmente no Mato Grosso do Sul –, eles defendem que a Terra é convexa e que descendentes de alienígenas fundaram a primeira civilização humana no meio da Amazônia, a chamada Ratanabá. Além disso, questionam o uso de vacinas contra a Covid-19 e a influência humana no clima. 


E pior: eles já se infiltraram em um congresso científico e em uma universidade federal. 



O Ciência Suja tem o apoio do Instituto Serrapilheira.


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Respostas da Comunicação do Ecossistema Dákila aos questionamentos da jornalista Mylena Fraiha, produtora deste episódio:


Respostas Comunicação Ecossistema Dakila - enviada por email no dia 10/07/2024


Sobre a reportagem, segue abaixo os esclarecimentos necessários.


PERGUNTA: Em alguns vídeos, vocês mencionam que utilizaram a tecnologia LiDAR (Light Detection and Ranging) para realizar a descoberta da cidade de Ratanabá e de mais 32 cidades (o próprio fundador do grupo, Urandir Fernandes, afirma isso em vídeos). Por ser uma tecnologia bastante cara, gostaria de saber se vocês financiaram com os próprios recursos do instituto ou se houve algum investimento de outros institutos de pesquisa.


DAKILA: A tecnologia LIDAR foi utilizada para confirmação de pontos já conhecidos e estudados pelos pesquisadores de Dakila há mais de 30 anos. Todo o investimento empregado nas pesquisas, incluindo o LIDAR, compra de equipamentos etc., vem de recursos próprios que tem a colaboração dos associados de Dakila e de simpatizantes que querem ver os resultados das pesquisas. Não temos nenhuma participação de outros institutos de pesquisa ou qualquer outro órgão afim de conseguir manter autonomia total sobre as pesquisas, sem interferências de interesses alheios que não tenham o compromisso com a verdade.

 

PERGUNTA: Gostaríamos de entender qual é o objetivo e a finalidade dessa pesquisa sobre Ratanabá na região amazônica. Vimos que vocês estão tentando validar essa pesquisa via Iphan, mas estão recebendo recusas. Qual é o objetivo do grupo em insistir nessa pesquisa? Vocês pretendem continuar solicitando essa autorização?


DAKILA: Um dos objetivos da pesquisa de Ratanabá está ligado à revelação da verdadeira origem da humanidade e do protagonismo do Brasil que é o berço real desta origem, ao contrário do que a ciência afirma hoje.


Sobre o IPHAN, além de ser o órgão responsável pela preservação e divulgação do patrimônio nacional, eles também validam as pesquisas científicas e autorizam as escavações caso necessário. Temos ciência das leis que regem o país e vamos continuar fazendo toda a tramitação burocrática de acordo com as orientações dos próprios órgãos governamentais.


PERGUNTA: Gostaríamos de saber o número de pesquisadores com titulação acadêmica (especificamente, mestrado e doutorado) ou que possuem vínculo com universidades/institutos de pesquisa públicos. Eles estão atuando nas frentes de pesquisa da Dákila? 


DAKILA: Dentre os mais de 700 mil associados no mundo inteiro, temos pesquisadores que possuem mestrado e doutorado não somente no Brasil, mas também no exterior, muitos com vínculos universitários e outros não. Cada um, dentro de sua área de conhecimento atua nas diversas pesquisas desenvolvidas por Dakila. Vale a pena salientar que contamos igualmente com pesquisadores capacitados com títulos diversos que atuam nos bastidores sem o conhecimento dos órgãos acadêmicos aos quais estão vinculados e não tem qualquer ligação com Dakila a não ser o interesse nas nossas pesquisas.


PERGUNTA: Vários cientistas da área da Arqueologia, como Eduardo Góes Neves e Artur Barcelos, já rebateram a existência de Ratanabá. Uma das críticas diz respeito à datação da criação da cidade, que seria há 450 milhões de anos, período em que a humanidade ainda não existia e os continentes não haviam se separado. Já o INFI-UFMS (Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) também já se manifestou, por meio de nota de repúdio, contra as hipóteses de Terra Convexa.


Gostaríamos de entender por que a Dakila Pesquisas insiste em manter contato com espaços acadêmicos vistos como "tradicionais", como esta última participação no 14° Sinageo (Simpósio Nacional de Geomorfologia), em agosto de 2023. Já que vocês são constantemente criticados por acadêmicos, por que ainda tentam participar de eventos científicos considerados "tradicionais"?


DAKILA: Participamos de eventos “tradicionais” pelo simples fato de que estamos fazendo pesquisas científicas e usando dados científicos, ou seja, temos total capacidade de participar e mostrar resultados científicos de nossas pesquisas. O que gera toda a polêmica é que com os mesmos métodos dos acadêmicos, atingimos resultados muito à frente do que está sendo estudado e veiculado hoje. Sem contar que ao longo destes anos temos encontrado profissionais que estão muito insatisfeitos com a prática da ciência no Brasil e no mundo e querem fazer parte de uma mudança efetiva. Querem mais espaço para discutir ideias e fazer experimentos ao invés de só ficar repetindo o que está escrito nos livros Um de nossos objetivos é lutar pela liberdade nossa e de outros profissionais para que possam pesquisar sem serem rotulados. A ciência deve evoluir. A pesquisa, assim como as novas descobertas, a quebra de paradigmas, o ajuste de informações ao longo dos anos deve fazer parte do processo evolutivo da ciência. Nada é imutável, ainda mais com o avanço da tecnologia que faz com que os cientistas consigam ir mais fundo nas pesquisas. É normal termos hoje uma teoria que amanhã seja ajustada ou completamente desbancada. Cada profissional trabalha dentro de limites tecnológicos e intelectuais de sua época. Se os egos ficarem acima da real importância das pesquisas e das descobertas, a humanidade vai estagnar.


Mais um dado importante é que desde que veiculamos a data de Ratanabá e edificações na Amazônia, estamos vendo datações refeitas no mundo todo de objetos com erro de 1 milhão de anos. Isto não pode ser ignorado. Não é um erro pequeno justamente se levarmos em consideração a linha evolutiva que a ciência determinou para a origem da humanidade e do planeta anteriormente.


Não se falava igualmente em pirâmides ou edificações na Amazônia brasileira, mas agora já estamos vendo cientistas admitirem estas hipóteses.


 

PERGUNTA: Recentemente vocês divulgaram nas redes sociais que, no dia 25 de junho, o CEO do Ecossistema Dakila, Urandir Fernandes de Oliveira, acompanhado da Diretora de Pesquisas Fernanda Lima, da Bióloga Maria Paula Cunha, do pesquisador Helton Marques e de Paulo Matozo, do instituto Alerta Brasil, foram recebidos pelo Pró-Reitor da PROTEC (Pró-Reitoria de Inovação Tecnológica/UFAM), Jamal Chaar.


Também disseram que "um protocolo de intenções está em andamento e será assinado em breve para selar esta parceria que trará muitas inovações para o estado do Amazonas e, através do Ecossistema Dákila, para o restante do Brasil e para o mundo!" 


Gostaria que vocês pudessem esclarecer o que é essa parceria com a UFAM (Universidade Federal do Amazonas). 


DAKILA: A parceria de Dakila não somente com a UFAM, mas com outras Universidades e órgãos de pesquisas tem como objetivo uma troca de conhecimentos, sem contar com o desenvolvimento nas áreas de tecnologia e inovação que o ecossistema vem promovendo. Sabemos que os recursos financeiros das universidades são limitados, o que faz com que os futuros profissionais não consigam ter a parte prática antes da conclusão dos estudos. Esta falta da prática tem sido objeto de frustração e falta de preparação dos nossos estudantes que serão os futuros cientistas. Através das parcerias, o ecossistema está dando vida a projetos que talvez nunca fossem sair da gaveta. Com isso acreditamos estar contribuindo para a sociedade como um todo.



Respostas Jamal da Silva Chaar, Pró-Reitor de Inovação Tecnológica da UFAM (Universidade Federal do Amazonas) -  encaminhadas por email, no dia 8/07/2024


Olá Mylena, bom dia!


Em atenção ao esclarecimento solicitado, informamos o seguinte:


1. A Universidade Federal do Amazonas (UFAM), enquanto autarquia federal, pública, autônoma, democrática, inclusiva e plural, não se furta a receber demandas da sociedade civil, de organizações públicas ou privadas, o que foi exatamente o que aconteceu com o Instituto Dákila e o Instituto Alerta Brasil. Os representantes foram recebidos na Pró-Reitoria de Inovação Tecnológica (PROTEC), onde foram apresentadas e ouvidas suas demandas e proposta de parceria, após o que a UFAM por meio da PROTEC ficou de avaliar a pertinência do atendimento das demandas, em função de sua missão, de suas políticas institucionais, do interesse público e do interesse da administração, mediante solicitação formal e protocolizada.


2. Não há nenhum acordo de parceria firmado entre a UFAM e as instituições citadas, até porque não foi recebido nenhum protocolo de solicitação formal.


3. Diante disso, nos colocamos à inteira disposição para mais esclarecimentos que se fizerem necessários.


Gratos.


Atenciosamente,

Jamal Chaar.







ENTREVISTADOS

Eduardo Góes Neves

coordenador do Laboratório de Arqueologia dos Trópicos do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP)

Karina Lima

doutoranda em climatologia e divulgadora científica.

Artur Barcelos

arqueólogo e historiador, professor do curso de Arqueologia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

Fabiano Pupim

professor de Geomorfologia na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da comissão organizadora do 14° Simpósio Nacional de Geomorfologia (Sinageo)

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